sábado, março 16, 2013

Estilo ao Alcance de Todos


As exportações estão na moda e a moda está nas exportações. Por todo o lado, a moda desportiva vintage portuguesa espalha charme, glamour e bom gosto. Atente-se no orgulho com que o laureado Brad Pitt enverga as malhas do Desportivo das Aves mid-90’s, com o vigoroso patrocínio Autoni. Pitt mostra que é possível exibir um grande estilo mesmo com as roupas normalmente associadas ao Prof. Neca.  Angelina sorri, confiante.


George Clooney é outra vedeta de Hollywood que não resiste ao encanto das vestimentas lusas. Nem mesmo ao sair das gravações do seu spot publicitário para a Nespresso se coíbe de mostrar ao mundo a sua predilecção pelo portuguesíssimo Café Delta e, consequentemente, pelo torrefacto equipamento do Campomaiorense, marca Tepa, um modelo muito contemporâneo. É provável que tamanho desaforo à Nespresso não caia bem junto dos mesmos, mas Pedro Morcela já se disponibilizou para prestar todo o apoio necessário a George Clooney caso haja algum stress.


No mundo da música, as estrelas tecem loas à qualidade da estamparia portuguesa, do techno à world music. Até os inoxidáveis Metallica desse maluco que é o James Hetfield sucumbiram perante o arrojo do equipamento Adidas do Estoril 1997-98, principalmente pelo fogoso patrocínio do Big Show Sic, que tantas e tão inesquecíveis tardes de divertimento popular e zoófilo nos proporcionou. A combinação de cores e temas pode parecer estranha. E, na realidade, é mesmo estranha.


Rodando a agulha para o lado da política, é com algum espanto que notamos que até nas latitudes mais improváveis se notam os efeitos do tsunami estilístico da antiga II Divisão de Honra. Soube-se agora, através de uma fuga informação privilegiada, que Kim Yong-il, esse caricatural líder coreano, apenas se permitia a quebrar o seu rígido protocolo de vestuário com as sóbrias camisolas patrocinadas pela Reflux do Penafiel 1995. Vermelho, com algumas pinceladas de negro e amarelo, cores bem socialistas. Ai de quem não sorrisse.


Quando Christine Lagarde, a habitualmente sóbria directora do temido FMI, precisa de dar mais cor ao seu discurso opta por trajar o jersey do União da Madeira 1994, patrocínio Prégaia. Não é uma escolha qualquer – como uma líder multi-regional, Lagarde percebe que a harmonia entre os vários povos é bem-vinda e, como tal, é perfeitamente lógico que se vista com o emblema dos anos 90 que mais se celebrizou pela coexistência relativamente pacífica de várias nacionalidades. Lagarde, aliás, até passa por sósia do Lepi actual.


Até Barack Obama, que dispensa apresentações, aprecia sentir o conforto da camisola esquisita do Boavista do início dos anos 90 nos seus momentos de lazer. O desporto pode ser outro, mas o impacto do patrocínio Vila Flor no axadrezado que foi um dia de Nogueira, um plácido Cristo no Bessa, é transversal a todos os desportos, credos, raças e culturas, para além de reforçar a imagem de proximidade do presidente com o povo. E Michelle Obama tem uma camisola com o patrocínio Teresinha, que usa para jogar às (primeiras-)damas.

No frio siberiano, Vladimir Putin caminha sem medo. Desafiante, implacável e sem pingo de sangue a correr-lhe nas veias, o touro russo exala uma aura de invencibilidade. Muito desse prestígio deve-se ao saudável equipamento do Alverca da sua belle-époque primodivisionária. A preferência de Putin pelo Alverca remonta aos tempos em que o seu compatriota Faizulin conduziu uma memorável missão de espionagem futebolística no Ribatejo – o joelho original de Mantorras está algures perdido no Kremlin, diz-se à boca cheia.
O traje também pode indiciar o estado de uma relação. Aqui vemos os famosos Robert Pattinson e Kristen Stewart, na sua fase aparentemente platónica. Por enquanto, era só sorrisos e  vaidade. Ele, com um modelo Paços de Ferreira – Moliday, de fabricante obscuro; ela, com as cores do seu inimigo figadal, o Freamunde – Capital do Móvel, marca Joma. Era um equilíbrio instável entre vampiros que só podia dar sangue. Como efectivamente deu.


Os proxenetas também não ficaram indiferentes à moda desportiva portuguesa. E em época de crise no consumo, incluindo o sexual, há que ser inovador. Agora, já é habitual encontrarmos meninas pelas bermas das estradas ostentando o equipamento do Moreirense com o patrocínio De Borla. Marketing agressivo? Publicidade enganosa? Fica ao seu critério... Mas nada melhor do que experimentar antes de formar a sua opinião.


Exemplo extremo do interesse pelo imaginário futebolístico do final de século é o demonstrado pelos detentores dos direitos do Superhomem. Eles adquiriram os direitos de imagem da mítica camisola vestida por Botende ao próprio guardião e a partir de agora o Superhomem terá dois fatos oficiais: o do costume e o de Botende. A alteração do catálogo provou-se um sucesso. Botende encheu-se de guita e o Superhomem ficou um pouco mais imune à kriptonite, devido às estranhas propriedades da camisola Saillev.


Para finalizar, uma despedida. O ex-papa Bento XVI não quis dizer adeus sem revelar a sua profunda gratidão a missionários tão benquistos no Vaticano, como Serifo, Constantino ou Cao, que, sob o manto Leça – Imoloc, faziam com que adversários, árbitros e público em geral rezassem pela sua sorte. O papa demissionário não podia deixar de reconhecer a força de espírito que aquele equipamento lhe deu nas horas mais difíceis, quando a fé parecia vacilar: a fé vacilava e, pumba!, lá vinha uma aparição de um Alfaia em cima de um Tozé a ceifar a fé por trás, reanimando-a. De uma forma brutal, é certo, mas aquilo de facto espevitava-a para a vida. É assim, ínvios são os caminhos religiosos. Uma vez prestada a homenagem, o seu coração pôde entrar mais aliviado no mosteiro, com a camisola Leça - Imoloc a voar por entre os fumos da Praça de São Pedro.

1 comentário:

Ursulino disse...

Guetov. Porque não escreveis sobre o Guetov?

E o Lula? Como há-de a gente continuar a penar neste triste país sem haver quem nos recorde do Tanta e do Ben Hur?

Oh senhores, se já não houver crédito para comprar cromos, fazemos uma colecta ou um swap. Agora tantos meses sem ninguém que nos fale do Mitharski ou do Artur Jorge Vicente, isso é que não.

Com votos de um grande Lachezar Tanev para v. exas.

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